17/07/16

Sobre Nós

27/02/16

Muito em breve publicaremos o:


23/10/09

JM no Dia Nacional da Cultura



Este ano a JM-Produções foi convidada a participar da logística para as celebrações, na Cidade de Assomada, do Dia Nacional da Cultura.

No movimentado 17 de Outubro, um Sábado, e no Domingo 18 de Outubro, a Cidade do Planalto teve a oportunidade de assistir a uma gala que fica inscrita na memória cultural de Santa Catarina de Santiago.

Orgulhamo-nos de muito ter contribuído para que o evento – promovido pelo ministério da Cultura – estivesse a expectativa dos artistas, convivas e festeiros que partiram de quase todo o País.

A JM – Produções, como sempre, imbuída da missão de qualidade - que marca o ritmo do seu trabalho- levantou, na Cidade de Assomada, um dos maiores palcos que terá visitado o concelho; a iluminação também esteve por nossa conta assim como a sonorização.

A equipa de colaboradores contratada pela JM respondeu, pronta e qualitativamente, ao desafio que proposto.

Aliás, as manifestações de parabéns com que fomos brindados após o evento vieram corroborar a certeza expressa, momentos antes, pelos artistas e autoridades que passaram por aquele palco da Cultural.

Por tudo isto, a JM -Produções agradece a confiança em nós depositada e reafirma o compromisso de responder com eficácia, qualidade e rigor aos projectos que nos submeterem.

A bem da Cultura cabo-verdiana.

João Miranda
Director

30/09/09

JUSTINO DELGADO EM CABO VERDE



Justino Delgado diz-se um músico de intervenção social e politica. Para ele Cabo Verde é um destino sempre aprazível. Do país sempre leva a paz. Infelizmente “não posso estar lá todos os dias”. Chega a Capital cabo-verdiana poucos dias antes do concerto de Sábado, 03 de Outubro, no Auditório Nacional Jorge Barbosa, e 04 na Assomada, a convite da Comunidade Guineense na Cidade da Praia, com apoio da JM-Produções. Lamenta não poder trazer consigo a banda que sempre o acompanha. Mas, aliviado: “os gajos de Cabo Verde são bons. Vou ser acompanhado por grandes músicos”, alegra-se.

Nesta entrevista ao terraactiva-tv.blogspot.com, a partir de Bissau, o músico – autor que regressou a terra natal para participar da recente campanha para a eleição do novo Presidente da Republica da Guiné-Bissau – aponta os caminhos para o desenvolvimento das artes e cultura guineenses. Mas lá vai avisando: “a minha participação na campanha eleitoral é para o desenvolvimento do meu País”.


Por Elisângelo Ramos* (E.R.): - Porque motivo se empenhou tanto na campanha às presidenciais na Guiné-Bissau?

Justino Delgado (J.D.): - A campanha eleitoral fez-me abster da carreira por longos dias. Fui um interveniente directo. Fui, diria, o principal interveniente cultural na campanha do candidato vencedor. Minha participação em qualquer campanha ajuda – sem vaidade – voltar qualquer resultado. Considero-me, sem dúvida, uma esperança de paz, para a Guiné-Bissau, África e para o Mundo. Quero ajudar meu povo a encontrar a paz tão necessária. Apoiei Malam Bacai Sanhá, e espero ver Guiné-Bissau a avançar. Todos sabem que sou por um mundo onde se possa respirar paz. Sou músico comprometido. Assumo plenamente a minha militância social.

E.R.: - Agora que a situação na Guiné-Bissau aparenta ser de normalidade democrática e paz social, como pensa retomar aos palcos e aos estúdios?

J.D.: Regresso em alta velocidade. Gravei já a maior parte das músicas do meu próximo álbum. Está a ser ultimado em Paris, França, aonde devo deslocar-me, em breve, para concluir o trabalho. Tenho estado a trabalhar em vários projectos. Depois do disco - que está quase pronto – minhas atenções centram-se numa colectânea dos meus vídeos. Afora isso estou, também, a fomentar um grupo de dança, composto por jovens que mais tarde farão parte da minha companhia de dança. Quero ter um corpo de bailarinos para me acompanhar. Referindo-se, ainda, a música tenho em carteira um disco acústico que estou a preparar para ser gravado em Dakar, Senegal. Tenho uma forte ligação com Senegal. Pretendo fazer a ponte entre França, Senegal e Guiné-Bissau. Meus projectos são sempre pensados neste triângulo. Outros mercados como Cabo Verde, os restantes países africanos de língua portuguesa assim como Portugal me dizem muito na programação e no destino do meu trabalho. Estou complementado pela cultura francófona e pela lusófona. Por este andar vê que meus caminhos são bastante diversos. É esta diversidade que procuro transmitir no meu pensar e na música que produzo.

E.R.: O nome de Justino Delgado inscreve-se, perfeitamente, no conceito de World Music. Como tem procurado aperfeiçoar esta música do mundo que diz ser um dos criadores?

J.D.: - A música não tem fronteiras. A minha depende da realidade em que me encontro e veja que estou no mundo. A minha é, pois, universal. Não tenho rótulos embora seja o meu País a minha principal fonte. Mais: conhecendo a História da Guiné-Bissau seria presunção dizer que minha música é deste ou daquele quadrante.

E.R.: Até que ponto esta sua fonte (Guiné-Bissau) é alimentada de outras fluentes musicais?

J.D.: Volto a dizer: a música é transfronteiriça. Depende da realidade de cada país e de como isso revela no nosso sangue e de como transportamo-lo para a nossa pele. Tenho grandes expectativas sempre que vou a Cabo Verde. Gosto muito e respeitam-me. Isso é prova de que a música dispensa passaportes.

E.R.: Então como explica a sua actividade em prol da valorização dos géneros tradicionais da Guiné-Bissau?

J.D.: A música é uma matéria só. Minha música, assim como a de outros músicos que partilham os acordes que persigo, é concebida numa perspectiva antropológica e cultural. Veja que em toda a minha criação bebo do que me foi legado. Nada mais natural que eu – agora – procure estudar esta herança e transmiti-la.

E.R.: Neste momento da carreira tem conseguido ter voz decisiva no seu projecto?

J.D.: Sou mentor do meu próprio projecto e ajudado por duas equipas de produção. Meu produtor é senegalês e trabalho com meus amigos de Bissau. Estamos muito próximos do Senegal e é uma experiência que me dá muita satisfação. As experiências francesa e senegalesa nos servem muito. Fazemos fronteira com o Senegal e a cultura Senegalesa acaba por desaguar em nós. Tenho vivido em França – onde tenho residência artística - e acabo de regressar de Portugal - onde sinto que se respira muito a música Africana vou a Cabo Verde. Por isso me sinto a vontade para cantar Justino Delgado.

E.R.: - E a na Guiné-Bissau pressentes que está a valer a pena a tua militância social e a tua intervenção politica?

Há paz. Mas Julgo que a Guiné-Bissau tem na Cultura um caminho para o seu levantamento económico e afirmação cultural. Falta, é certo, incentivos que hão de começar pelo apoio aos criadores. Em termos legislativos poder-se-á criar mecanismos de incentivo a produção. A música na Guiné-Bissau está ao nível dos restantes PALOP. Está de boa saúde e sentida em quase todo o mundo. O que falta é a sua condição de produto cultural e económico. É isto: falta tudo e temos a esperança de que doravante tudo comece a ser feito. Os músicos guineenses esperam que condições sejam criadas para que trabalhem na terra. Estou muito crente que isso venha a acontecer. E estou aqui para apoiar.

E.R.: Vem a Cabo Verde com boas notícias de Bissau?

J.D.: Quem me dera ter comigo a minha banda. Compreendo que o dinheiro não esteja tão abundante entre os produtores culturais e os artistas tenham que ir arranjado para satisfazer o público. Creio, contudo, estar a altura dos músicos cabo-verdianos que me vão acompanhar. São também profissionais e são bons, tocam bem e vão, certamente, corresponder às minhas expectativas.


*Jornalista

04/08/09

LIVE IN CAPITAL COM VOZ DE OURO




O momento chegou: Gardénia Benrós ao vivo em Cabo Verde, na Cidade da Praia, no Auditório Nacional, Jorge Barbosa, dia 8, Sábado, deste Agosto. A JM-Produção & Eventos concretiza maios este sonho no âmbito de "Verão em Cultura", um programa que está a marcar a vida capitalina.


"Cantoras há muitas. Compositoras, nem tanto. Gardénia, a voz de ouro da música cabo-verdiana, aposta em reunir as duas coisas ao trabalho de editar as suas obras, e investe em si própria para determinar o rumo da sua carreira. Uma voz a transitar entre diferentes espaços e tempos, a fazer de ponte entre as ilhas, e entre as ilhas e o mundo.

Catorze anos depois do primeiro disco, com nove lançados até agora, nem por isso Gardénia Benrós está a descansar. Pelo contrário, a artista cada vez mais investe na sua carreira, e há pouco mais de dois anos criou a sua própria editora para trabalhar pela sua voz. Mas vale a pena lembrar como tudo começou.

Nascida na cidade da Praia, ilha de Santiago, é, contudo, na tradição da morna da ilha Brava que Gardénia vai buscar inspiração e temas para a sua primeira gravação, de 1986, em que interpreta composições do célebre poeta e trovador Eugénio Tavares.

Opção nada casual, já que nasceu a beber nessa fonte: a avó, natural da vila de Nova Sintra, destacou-se no seu tempo a actuar em saraus e sessões culturais na ilha como intérprete de mornas, e apresentava ao público as novas criações do compositor ensinadas em primeira mão pelo próprio.
A mãe, por sua vez, desde cedo revelou voz e talento que despertaram a atenção de um dos frades capuchinhos em missão na ilha, que lhe ensinou noções de canto lírico. Mais tarde, chegou a cantar em emissões radiofónicas, e muito naturalmente as mornas de mestre Eugénio fizeram parte do seu reportório.

Com esses antecedentes, nada mais natural que a jovem cantora se inclinasse para a tradição da morna bravense no seu disco de estréia, gravado em Lisboa com músicos como Paulino Vieira, Toi Vieira, Péricles Duarte e Tito Paris, entre outros. Editado pela Polygram, este trabalho faz de Gardénia uma pioneira no que se refere a trabalhar com grandes editoras, pois a maioria dos registos discográficos de música cabo-verdiana - até hoje, mas ainda mais nos anos 70 e 80 - são edições de autor ou de editoras sem dimensão internacional.

Dado o pontapé de saída, a música de Gardénia irá desdobrar-se em novas perspectivas. Na sucessão de trabalhos que gravou até hoje, a tradição cabo-verdiana aparece como herança determinante na sua formação como artista. Porém, irá mesclar-se com elementos da sua experiência pessoal e musical - a infância em Lisboa, a adolescência em Boston, onde estreia-se como vocalista do grupo Tropical Power, formado por cabo-verdianos residentes nos EUA - que, naturalmente, teriam de deixar as suas marcas.

Primeiro foi cantar. Depois, compor. Só no seu mais recente trabalho, Bo Kin Cre, de 1998, Gardénia passou para o clube dos compositores e essa aposta surge depois de ter frequentado durante cinco anos o Berkley College of Music of Boston. "A escola musical tornou-me completa como artista" afirma. "Agora sim, vou continuar a desenvolver o meu estilo muito próprio, usando as influências musicais dos países por onde vivi e vivo, mas respeitando sempre a base da tradição musical cabo-verdiana".

"Concluir um curso universitário na área musical continua a ser raro entre as mulheres. Foi algo que me educou de forma a poder lidar com qualquer músico do mundo. Não me importei em interroper a minha carreira para me instruir", diz a artista. Optando pelas áreas de voz e espectáculo, Gardénia não deixou de lado os aspectos ligados ao business. Decidida a pôr em prática os conhecimentos adquiridos, cria, em 1998, a sua própria empresa, a Independent Talent Productions. "Hoje consigo fazer a minha própria produção e distribuição", revela.

Gardénia tem inspirado poetas e compositores, como Manuel de Novas, João Amaro, Teófilo Chantre, entre outros. O poeta Jomar no poema "Louvor a Gardénia" escreve: "A cantar mornas és génia, mensageira de todos nós, tu és bela com toda a vénia e enfeitiças com a tua voz". Ao longo sua carreira, além de frequentes convites nos Estados Unidos, onde reside, tem percorrido inúmeros países, encantando plateias com os seus espectáculos. Canadá, Barbados, Hawai, França, Holanda, Espanha - além, naturalmente, de Portugal e Cabo Verde - são algumas das terras por onde já passou.

Em 1999, uma série de apresentações em Portugal serviu para divulgar o álbum mais recente. Cada apresentação foi um momento único de encontro com os sons de Cabo Verde na voz ímpar de Gardénia, acompanhada por excelentes músicos, entre os quais Toy Vieira, John Mota, Moisés, Kikas e Zé Mário. Tito Paris foi uma presença constante e atenta, sendo ele fã incondicional e amigo da artista, tendo já demonstrado vontade em vir a colaborar com Gardénia, uma vez mais, num futuro próximo.

Em diferentes ocasiões, tem sido acompanhada por nomes representativos de diferentes áreas da música cabo-verdiana, que vão de Luís Morais e Chico Serra a Djoy Delgado, passando por Danny Carvalho e Manuel d'Candinho, os três últimos presentes em Bo Kin Cre, em que batuque, funaná, morna e coladeira não impedem um toque de samba e salsa.

O disco traz uma faixa interactiva que pode ser vista no computador - aspecto que uma vez mais faz de Gardénia uma pioneira na música cabo-verdiana - e que apresenta fotografias, dados biográficos e discografia, karaoke e ainda um vídeo, produzido pela própria Gardénia, com a interpretação de Melodias de Saudade, composição sua cuja letra evoca justamente as mornas com que foi embalada em criança, e que a acompanham desde então. Mornas que, na sua voz límpida, têm assegurada a sua eternidade, geração após geração, como vem sendo até agora".
IN IMPRENSA CABO-VERDIANA